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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Melhor Amigo.

Todas as famílias têm sua própria mistura de personalidades.
Minha família não era uma exceção.
Dentro de nossas quatro paredes suburbanas viviam todos os tipos; do extravagante ao comedido, do repulsivo ao ideal...
De qualquer maneira nos conseguíamos nos ajustar em uma frágil aliança:
“ Um por todos, todos por um !”
Com uma exceção, Maylon o cachorro da família.
Quando ele era pequeno era engraçadinho, todos queriam brincar com ele. Era o bichinho perfeito, só que depois aconteceu uma coisa: Maylon cresceu!
De repente já não era engraçadinho.
E assim o cachorro da família ficou sendo o meu cachorro. [eu não me ofereci como voluntário]
Quando se tratava de Maylon, o resto da família preferia ficar de fora.
Por um capricho de minha tia o destino do pobre cachorro se uniu ao meu, para o melhor e para o pior. Em geral para o pior.
Com o tempo a minha família foi se enjoando do pobre bicho, e eu sentia que tinha que salvar a reputação do coitado. Ele andava tão cabisbaixo e triste, decidi levá-lo ao veterinário e descobri q ele precisava ser castrado.
O interessante é que ninguém da minha família quis decidir o que fazer! Como eu disse:
 "Um por todos e todos por um!"
Nos dias seguintes, fizemos o possível para fingir que o problema não existia, mas para não pensar no problema não podíamos pensar em maylon e para não pensar nele só mesmo sendo débil mental.
Minha família estava bloqueada, e a única saída estava nas mãos hábeis de um cirurgião veterinário.
Ele latia a noite inteira, e como sempre sobrou pra mim.
Eu precisava ter uma conversa séria com aquele vira-lata, no entanto eu desconfiava que nem toda a lógica do mundo iria convencer aquele cachorro a ser mais comportado.
Só havia uma coisa fazer;
Maylon e eu fizemos um trato:
Ele não ia latir, eu não ia dormir.
Assim o problema parecia estar resolvido! Nenhum ganido, nenhum latidinho, nada!
Valia à pena perder um pouco de sono desde que o cachorro se comportasse.
Enquanto pensava que ele estava quieto, na verdade ele estava acabando com a casa...
Dei-me conta que ele não ia para o veterinário e sim pro cemitério de animais.
Pensei em embarcar o pobre animal numa viagem de navio para Sibéria com direito a passagem só de ida, mas minha mãe o encontraria.
Então eu o levei para o parque e de repente fiquei cheio daquele cachorro que se recusava a se comportar direito.
Até que do nada apareceu uma cachorrinha, foi então que descobri a resposta.
Ele sumiu, e senti pela primeira vez na minha vida o quanto dói magoar alguém.
Eu o decepcionei, minha família o decepcionou.
Naquela noite, nós descobrimos uma coisa a respeito de maylon, a nosso respeito e a respeito de ser uma família.
Às vezes não basta desfrutar os bons momentos.
Quando o cachorrinho cresce é que o trabalho começa, há decisões que precisam ser tomadas!
Procuramos ele até tarde, mas sabíamos que não ia adiantar...
Deixamos que ele fosse embora, nunca mais íamos encontrá-lo.
Mas é claro que ele nos encontrou!
Na manhã seguinte todos nós o levamos ao veterinário, em certo sentido posso dizer que ele lucrou com a perda.
Esse estranho tornou-se parte da nossa família, um membro respeitável de nossa aliança:
 “Um por todos, todos por um”!
Durante muitos anos ele ficou ao nosso lado, nos bons e nos maus momentos, nas épocas de esperança e de mudança.
Um companheiro calado...
O primeiro a me receber na porta quando voltei do baile de formatura...
Aquele que ficou olhando pela janela no dia em que fui para a faculdade, e minha mãe disse que ele passou horas me esperando.

"Um cachorro não precisa de carrões,de casas grandes ou de roupas de marca...
 Um graveto é ótimo para ele.
 Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre,inteligente ou idiota,esperto ou burro...
 Dê seu coração para ele e ele lhe dará o dele...
 De quantas pessoas você pode falar isso?
 Quantas pessoas fazem você se sentir raro ou puro e especial?
 Quantas pessoas pessoas fazem você se sentir extraordinário?" Marley e Eu.

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